Erros em interiores
Para muitos a compra de uma casa é um acontecimento único e perene.
Em muitas situações o imóvel é adquirido já finalizado, mas, se for uma construção de raiz, o proprietário ainda consegue alterar acabamentos ou, com a ajuda de um profissional, definir o interior e a organização de forma a que o resultado fique o mais otimizado possível.
O objetivo deste texto é o de indicar alguns dos “erros” que observo a serem cometidos mais frequentemente na construção em Portugal. De forma alguma quero generalizar estas situações e ser mal interpretado. Apesar da utilização dos espaços ser efetuada de modo similar pela maioria das famílias, o que para muitos pode ser um “erro”, para outros, é a solução inegavelmente melhor.
A falta de arrumação para as necessidades reais das famílias é um bom primeiro exemplo de um dos erros cometidos. Geralmente causada por constrangimentos financeiros, pois ou se tenta reduzir nos custos e a arrumação, que é feita por medida ao espaço, é reduzida ao míni- mo. Ou então, quando se tenta obter um resultado minimalista, o resultado, apesar de esteticamente agradável, não dá resposta às necessidades do dia a dia. Isso resulta sempre na impossibilidade de manter aquele espaço conforme foi idealizado, pois as famílias sentem a necessidade de colocar mobiliário que dê resposta às suas necessidades, e normalmente não são escolhidos ou planeados corretamente para o espaço.
A proporção e distribuição dos espaços é outro erro muito comum na construção. Um planeamento errado resulta em excesso de corredores de acesso aos espaços; e espaços com dimensões desadequadas, como os quartos pequenos ou demasiado grandes para as necessidades; ou ainda lavandarias muito afastadas das áreas comuns. De forma geral o planeamento do interior da casa é, de longe, uma das coisas mais importantes. Perceber que um open space pode não ser a melhor solução para todos os espaços, e que muitas vezes até só existe para disfarçar o quão pequeno é o espaço da cozinha e da área social da casa. Observo, frequentemente, perdas enormes de área útil em zonas não cruciais. Não quero ser mal interpretado, dificilmente espaço a mais é um problema, mas existe sempre uma estrutura com uma dimensão limitada e a boa distribuição dessas áreas determina que se consiga o melhor dentro das limitações da estrutura.
Por fim, mas não menos importante, temos a escolha dos materiais de acabamento, sendo um tema bastante extenso e, não aprofundando a parte estética, pois gostos não se discutem apenas se lamentam, o pavimento da casa é um bom exemplo de uma escolha, muitas vezes leviana, e que não tendo a qualidade necessária a troса envolve uma logística enorme quando a casa já está a ser usada. Materiais com demasiado brilho que criam desconforto visual pelo excesso de reflexos; as tintas super mate nas paredes que não permitem a limpeza, materiais que oxidam muito com a exposição solar ou que não têm a capacidade de resistência à utilização normal dos espaços, como os materiais lacados que têm uma resistência muito limitada ao impacto e abrasão, entre outros.
Apresentei somente três exemplos de uma lista bem vasta de situações que podem ser evitadas se, quem adquire ou planeia, estiver sensibilizado para as mesmas.