A importância da iluminação
Iluminação é um dos fatores mais importantes nos ambientes que frequentamos, domésticos ou de trabalho, sendo também, provavelmente, dos mais descurados no planeamento de qualquer um destes espaços. Pode significar a diferença entre conseguir ver televisão de noite, trabalhar mais horas sem cansaço visual, ou elevar a estética e o resultado global. Mas para isso é necessário um planeamento executado de forma a explorar o melhor que se consegue do espaço e da exposição solar do mesmo, sendo que normalmente é algo que deveria fazer parte de um projeto de Design de Interiores. Um Projeto Luminotécnico.
Apesar de não ser nenhuma ciência, carece de muita experiência, conhecimento do espaço e da forma como o mesmo vai ser vivido. Tentarei abordar alguns pontos básicos que qualquer um de nós deveria ter o cuidado de verificar, ou corrigir, tanto em casa como no trabalho.
A temperatura da luz é medida em Kelvin (°K), podendo variar, no interior de um espaço, entre 2300K e 6000K. Infelizmente, na construção em Portugal, temos muito o hábito de usar o branco gelo (6000k) que somente deveria ser usada em iluminação focada em zonas de trabalho. O ideal, e jogando pelo seguro, é rondar os 4000K. Normalmente, se não quiserem distinguir divisões/espaços, pode ser usado 4000k na iluminação do teto e 3000k na iluminação decorativa.
O cálculo de lumens, por m2 do espaço é extremamente importante. Um espaço de trabalho necessita de uma intensidade de luz muito superior a um espaço doméstico, e é usual, nestes espaços, a luz ambiente ser insuficiente. Em alguns casos a iluminação decorativa/auxiliar não é tida em conta, originando, quando se usam as sancas de luz, candeeiros suspensos e afins, uma iluminação excessiva e desconfortável. Um quarto não deveria ter a mesma intensidade de luz, por m2, que uma cozinha, pois a intensidade da luz para zonas de trabalho é muito superior às zonas de descanso ou lazer.
As tipologias de iluminação têm, para além de um efeito estético muito diferente, muita importância na forma como a luz é distribuída. Erradamente, um dos sistemas mais usados na construção em Portugal são os painéis de LED. É uma iluminação puramente técnica que, quando associada a uma temperatura de 6000K, torna o espaço muito desconfortável visualmente.
Uma boa distribuição inclui diversas formas de iluminação: (a) indireta em sancas nos tetos ou mobiliário, (b) pontual em candeeiros suspensos ou de parede; e (c) iluminação de teto que pode ser feita por focos, calhas técnicas ou até fitas LED. Uma forma de tomar decisões durante a obra que não comprometam disposições futuras, é o uso de iluminação indireta em sancas e direta em calhas técnicas para aplicação de focos orientáveis ou linhas de fita Led. Existindo um bom planeamento poderá ser possível trabalhar só com iluminação direta nos tetos e iluminação decorativa suspensa, de pousar ou de parede, conseguindo um resultado global que cumpra as necessidades e sendo agradável esteticamente. Não querendo minimizar a importância de um Projeto Luminotécnico, estes pontos abordados, se bem aplicados, representam grande parte do sucesso do mesmo. Estes aspetos devem ser tidos em conta em qualquer projeto de interiores ou na remodelação da sua casa.